Comício do PCP em Almada

«Feriado roubado<br>foi reconquistado!»

Inserido na acção nacional «Emprego, direitos, produção, soberania», o comício de Almada do passado dia 5, com a presença de Jerónimo de Sousa, constituiu uma pujante afirmação de luta pela soberania nacional.

A recuperação dos feriados foi uma vitória da luta

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O comício realizado em Almada no dia 5 de Outubro, à tarde, só foi possível porque a implantação da República foi novamente assinalada com um feriado. Foi precisamente isso que as centenas de militantes e simpatizantes do PCP que desfilaram desde a Câmara Municipal até ao local do comício afirmaram a plenos pulmões ao entoarem a palavra de ordem «feriado roubado foi reconquistado». Na sua intervenção, o Secretário-geral do Partido começou precisamente por garantir que aquele comício não se estaria a realizar naquele dia e àquela hora – uma quarta-feira ao início da tarde – se o feriado que PSD e CDS tentaram roubar não tivesse sido devolvido ao povo pela intervenção do PCP.

As primeiras palavras de Jerónimo de Sousa – que tinha a seu lado o presidente da Câmara Municipal de Almada e dirigentes regionais e nacionais do Partido – serviram para relevar o significado daquela que é uma «data marcante da história da luta do povo português pela sua libertação», a implantação da República, que cumpria o seu 106.º aniversário. Apesar da sua natureza e limitações, realçou o dirigente comunista, a revolução de 5 de Outubro de 1910 significou um «avanço progressista e um salto revolucionário, envolvendo as massas populares», tendo sido sob a sua bandeira que durante o regime fascista «tiveram lugar importantes jornadas de unidade e resistência».

Para Jerónimo de Sousa, da mesma forma que a revolução republicana assentou num «forte ideário independentista em relação às potências da época» e se fez contra uma monarquia refém de interesses estrangeiros, também hoje é fundamental lutar para libertar o País das «crescentes imposições do directório das grandes potências da União Europeia e dos seus instrumentos de domínio, exploração e submissão nacional», os mesmos que PSD e CDS serviram e servem com fervor. A reconquista do feriado, valorizou o Secretário-geral do Partido, é um dos direitos recuperados na actual fase da vida política nacional decorrente da derrota do PSD e do CDS nas eleições legislativas de há um ano e da correlação de forças que delas emanou.

Decisões certas

Após historiar o processo que resultou na «Posição Conjunta do PS e do PCP sobre solução política», o Secretário-geral do Partido realçou que com ela se pretendeu «travar o rumo de empobrecimento e de exploração que vinha sendo imposto aos portugueses e dar os primeiros passos, mesmo que ainda insuficientes, para resolver problemas prementes dos trabalhadores, do povo e do País». Não se trata, pois, de uma solução que «respondesse ao indispensável objectivo de ruptura com a política de direita e à concretização de uma política patriótica e de esquerda», que o PCP continua a defender e a propor.

Da mesma maneira, frisou, não se trata de uma solução conduzindo à «formação de um governo de esquerda com uma política adequada a tal condição», nem tão pouco de «um qualquer acordo de incidência parlamentar de suporte a um governo». É, sim, um Governo da iniciativa do PS, com a sua própria política, mas onde está presente um compromisso de reverter direitos e rendimentos e inverter o rumo de desastre.

A actual solução, reafirmou uma vez mais o dirigente comunista, «permite ao PCP manter total liberdade e independência políticas, agindo em função do que serve os interesses dos trabalhadores, do povo e do País». Jerónimo de Sousa manifestou-se ainda consciente das dificuldades e obstáculos que o futuro próximo trará, da luta e da resistência que urge levar mais longe e das limitações inerentes às opções do PS. Mas, sublinhou, um ano após as eleições legislativas «mais segura é a nossa convicção de que tomámos as decisões certas que a nova realidade pós-eleitoral exigia».

Luta é factor decisivo

Num comício onde se realçou as propostas do PCP, a necessidade de reforçar a sua organização e intervenção e de preparar o XX Congresso e a superioridade do projecto autárquico do Partido, a luta dos trabalhadores e do povo esteve em destaque, ou não fosse ela o factor decisivo para as transformações que se impõem. Para além de Jerónimo de Sousa, que considerou essa luta como essencial para a derrota do PSD/CDS nas eleições de há um ano e fundamental para construir a política patriótica e de esquerda, também Susana Montalvo e Martim Lota, respectivamente do Secretariado da Comissão Concelhia de Almada do PCP e do colectivo da JCP na Faculdade de Ciências e Tecnologia, destacaram as lutas travadas no concelho e pelos jovens da região.

A dirigente local do Partido destacou a tenacidade dos trabalhadores das autarquias pela reposição das 35 horas semanais, valorizando o apoio constante dos eleitos da CDU, ao mesmo tempo que realçou a luta dos enfermeiros do Hospital Garcia de Orta, que teve já consequência no anúncio feito pela administração de que serão contratados 36 novos profissionais. A luta dos trabalhadores do Arsenal do Alfeite pelo regresso da empresa ao sector empresarial do Estado, dos docentes, funcionários e estudantes da FCT contra o regime fundacional, dos trabalhadores do Minipreço da Charneca de Caparica contra a repressão patronal e das trabalhadoras da CSP contra o banco de horas – entretanto julgado ilegal pelo tribunal – foram outros dos combates sublinhados.

O jovem comunista, por seu lado, realçou a luta dos estudantes dos ensinos Básico e Secundário por melhores condições nas escolas e do Ensino Superior contra as propinas, os cortes na acção social e o aumento dos preços nas cantinas.




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